sexta-feira, 28 de junho de 2013

Dagnino critica o inovacionismo dos Institutos Federais de Ciência e Tecnologia


Por Maurício Sena
Especial para a Sinasefe


A Rede dos Institutos Federais de Ciência e Tecnologia no Brasil está numa crise entre a produção científica e o processo de inclusão social e o seu real papel na formação de profissionais para o mercado de trabalho. Esta foi a discussão levantada pelo professor da Unicamp, Renato Dagnino, convidado do SINASEFE-BA para a primeira etapa do ciclo de debates "Pensando o IFBA que a gente quer", na quarta-feira passada, dia 12, no campus Conquista. A palestra foi denominada “Como a pesquisa pode ajudar na formulação de novas bases para as políticas do IFBA e no desenvolvimento regional” e contou com a participação de professores e estudantes.


O professor afirma que as universidades federais de pesquisa estão imersas nessa dinâmica inovacionista, produtivista ou cientificista, sem formar os profissionais necessários, e antevê um cenário de dificuldades para a universidade brasileira, sobretudo para a Rede. “Essa é a missão que corresponde realmente à Rede: uma diretriz possível de consolidação da sua competência, da sua capacidade", afirma o professor, que coordena o Programa de Gestão Estratégica Pública da Unicamp, é responsável pelo oferecimento de cursos de capacitação de dirigentes, membro do Conselho de Orientação da Incubadora Tecnológica de Cooperativas Populares e tem atuado com professor convidado em várias universidades no Brasil e no exterior.


Dagnino critica o processo de pesquisa estabelecido pelas instituições federais: "A maior parte já tem doutorado e está pesquisando coisas irrelevantes para o progresso social brasileiro. A maioria das pesquisas não serve nem para a empresa privada e muitos menos para a classe trabalhadora". O professor acrescenta ainda que as críticas a esse respeito só acontecem nos corredores e não nos fóruns de debate.
Ele lembra que entre 2006 e 2008 foram formados 90 mil mestres e doutores, mas as empresas absorveram 68 (conferir esse número) desses profissionais para fazer pesquisa. "Esse cenário do inovacionismo, embora seja confortável para as universidades de pesquisa, é um péssimo uso dos recursos públicos", avalia.
Por outro lado, segundo o professor, existe a inclusão social, cenário que está conectado ao processo de democratização, com a construção de uma sociedade mais justa, mais humanitária, mais responsável do ponto de vista ambiental, e que demanda outro tipo de profissional, tecnologia, pesquisa, formação e que cabe à Rede participar. “Este caminho não está atrelado aos interesses comerciais, nem aos interesses egoístas e corporativos da comunidade científica, é um processo de inclusão social que nós desejamos", diz.

Para Fernando Augusto Pereira de Bulhões Carvalho, coordenador do curso de Sistema da Informação (IFBA), a discussão levantada na palestra cumpre um papel importante. "A principal dicotomia que a gente encontra no instituto é a do aluno técnico, do ensino médio, que não quer ingressar no mercado de trabalho. Ele quer um curso superior, que oferece salários melhores", alerta.
Esta nova realidade, afirma Fernando Augusto, foge à proposta do IFBA, porque o aluno, principalmente o integrado, tem a opção do Enade: uma vez aprovado, vai para outros estados, se desloca com um alto custo financeiro, quando tem a mesma opção dentro da instituição, com a mesma qualidade. "A gente precisa preparar o aluno como o instituto propõe, entra aqui no ensino médio e precisa ter o desejo de continuar aqui no ensino superior para ingressar no mercado de trabalho de uma forma competente e que também traga benefícios para a sociedade", avalia.


Fonte SINASEFE-BA

Nenhum comentário:

Postar um comentário